NOTA:
Todas as referências a empresas, associações empresariais e relações contratuais, elencos, programações, dados estatísticos, dizem
respeito à data da reportagem:
Setembro de 2006.
A «Vila Faia» está a completar
um quarto de século, mas há agora em Portugal uma indústria de ficção para
televisão que dá trabalho, directa e indirectamente, a um número estimado em
5000 pessoas. É uma indústria que produz sonhos, dos quais o espectador não parece
querer acordar. Os sonhos vendem mas, para os programadores, o sonho dos
espectadores é o pesadelo das audiências.
Reportagem de João Paulo Guerra,
Diário Económico, 29 de Setembro de 2006
Fotos originais de João Paulo Dias e Paula Nunes
De visita ao ‘compound’
de Bucelas ocupado pela Teresa Guilherme Produções, os visitantes percorrem mais
de 4000 metros
quadrados de cenários da «Floribella», «Sete Vidas»,
«Aqui não há quem viva», «Vingança», mas param à porta do estúdio onde decorrem
as gravações de «Jura». António Reis, o administrador da empresa que guia a
visita, pergunta para dentro do estúdio: «Está toda a gente vestida? Temos
visitas».
A empresa alugou cinco
estúdios à Contra-Campo e um à Cinemate e montou em poucos meses uma fábrica de
novelas e séries para enfrentar o desafio da concorrência: a estrutura
industrial organizada da Nicolau Breyner Produções. Ironia do destino: Nicolau,
que fez todo o percurso da novela produzida em Portugal desde a «Vila Faia»,
está agora do outro lado, no elenco de Teresa Guilherme. Mas a NBP conserva as
suas iniciais.
Acirrada pelo sucesso das
telenovelas da NBP para a TVI, a SIC criou a sua fábrica de ficção. «A nossa
fábrica de conteúdos chama-se Teresa Guilherme», diz Francisco Penim, director
de programas da estação de Carnaxide. Teresa Guilherme, simultaneamente
presidente da TGP e subdirectora da SIC para a ficção, está a produzir novelas
e séries em exclusivo para a estação de Pinto Balsemão. «Pode produzir
entretenimento para quem quiser. Ficção só para a SIC», diz Penim,
acrescentando que «o próximo passo será a SIC ter participação societária na Teresa
Guilherme Produções».
Pela mão da SIC, Teresa
Guilherme, que tinha um estúdio no início do ano, agora tem seis, num dos quais
decorrem as gravações de «Floribella». A novela, que chega a ter cinco edições
diárias na programação da SIC, ameaçou o fenómeno «Morangos com Açúcar», da NBP.
A TVI descobriu com os «Morangos» – já em quarta série – o filão da audiência
juvenil. A SIC respondeu com uma novela para pré-adolescentes que, durante o
Verão, chegou a ultrapassar momentaneamente os «Morangos». Foi como se as
crianças se apoderassem do comando da televisão e tomassem conta da
‘baby-sitter’.
Mas a NBP está
apetrechada para todas as contingências. Com uma experiência de 15 anos de
trabalho, e um ‘know-how’ inicial importado da Globo, a empresa constituída em
1990 por Nicolau Breyner, António Parente, Carlos Cruz e outros investidores é
hoje detida em 60 por cento pela Media Capital, mantendo Parente uma quota de
30 por cento. «Com a venda à Media Capital, a NBP ficou com um fluxo de
trabalho garantido ao longo de anos», diz António Parente, acrescentando que «a
TVI é um cliente mas temos outros».
O Grupo NBP associa
empresas dedicadas a todos os sectores da produção, desde a elaborações de
guiões, na Casa da Criação, à construção de cenários interiores e exteriores,
na EPC, e à gestão de meios e equipamentos técnicos, na EMAV. As empresas não
trabalham apenas para a NBP, tendo como clientes as três estações de televisão,
outros produtores audiovisuais, promotores de concertos e de artes cénicas. Um
mundo situado entre Vialonga e Bucelas onde, neste momento, trabalham 200
pessoas na estrutura fixa do Grupo, mais 100 nas empresas associadas e cerca de
750 em cinco produções em curso.
Ali perto, nos estúdios
da Contra-Campo, o núcleo base da empresa de Teresa Guilherme tem apenas 12
pessoas, constituindo equipas para cada projecto em produção. Neste
momento, laboram na TGP 320 técnicos, 85 produtores, 104 actores principais e
190 outros actores. Teresa Guilherme também trabalha com empresas associadas,
entre as quais a produtora de guiões Dot Spirit e a fabricante de cenários
Decorlaranja. Ao todo, e segundo estimativa da Associação de Produtores
Independentes de Televisão, a indústria das novelas empregará neste momento,
directa e indirectamente, cerca de 5000 pessoas.
SIC
«Jura» «Vingança»
Estava toda a gente
vestida no estúdio da TGP onde decorriam as gravações dos primeiros episódios de
«Jura», uma das novelas com as quais a SIC procurou responder a líder de
audiências «Tempo de Viver», da TVI. O próximo projecto intitula-se «Vingança»
e aposta num elenco de luxo, com Nicolau Breyner e Sofia Aparício à cabeça do
cartaz.
A cenografia de «Jura» é de grande profundidade mas não se sabe se algum espectador vai olhar para os cenários de uma novela com muitos nus e sexo. «Não é por aí que se ganha audiência. A televisão é para ser vista em família», diz António Parente, administrador da NBP. E no dia seguinte à estreia de «Jura», Francisco Penim não escondia alguma frustração mas procurava dar a volta ao texto. «Tivemos menos audiência do que estávamos à espera mas isso é normal nos primeiros episódios».
«Jura» gerou polémica
logo desde a exibição das promoções da novela, mas Penim considera que a SIC
«tem um conceito mais duro e aguerrido, mas está dentro dos parâmetros e não
ultrapassou linha nenhuma». De qualquer forma, o director da SIC admite que
esta é uma guerra e que «vale tudo na corrida aos armamentos».
«A RTP não faz parte
dessa guerra», diz Nuno Santos, director de programas da estação estatal. São
três as ordens de razões da estação para se manter à margem da guerra de
audiências dos canais comerciais. «Por uma questão de princípio: escolhemos um
caminho e estamos a cumpri-lo. Por uma questão estratégica: nós privilegiamos a
diversidade na oferta. E finalmente por uma questão de sanidade: há na
televisão portuguesa um número excessivo e por isso despropositado de novelas».
Fora da guerra das
novelas pelas audiências, a RTP está agora associada à Bandeirantes, que por
sua vez estabeleceu um acordo com a NBP, na co-produção da telenovela «Paixões
Proibidas», um original baseado em várias obras cruzadas de Camilo Castelo Branco,
cujas filmagens em Portugal decorreram durante o mês de Setembro. «É serviço
público mas, inevitavelmente, será comparada e concorrerá directa ou
indirectamente com outros produtos do género», diz Nuno Santos. Com esta
telenovela, a RTP dá um primeiro passo sustentado para a internacionalização da
ficção audiovisual portuguesa, depois de várias iniciativas frustradas. Até
aqui, as chamadas co-produções luso-brasileiras limitaram-se à participação de
actores nacionais a fazerem papéis de portugueses em novelas brasileiras.
«Paixões Proibidas» tem «um forte envolvimento de um elenco português – nove
actores em permanência – e também de produtores, técnicos e realizadores
portugueses e pode ser o detonador para um novo paradigma da relação, na área
do audiovisual, entre o Brasil e Portugal, um mercado de 220 milhões de
falantes da língua portuguesa», acrescenta o director da RTP. Da parte da NBP, António
Parente diz que a internacionalização «está em marcha», para já através da NBP
Brasil. «A seguir será Espanha, utilizando as ligações da Media Capital com a
Prisa», acrescenta o administrador da NBP, prevendo que em próximos anos o
Grupo esteja a trabalhar simultaneamente no Brasil, em Espanha e em Portugal.
Para além do Brasil, a
RTP está envolvida em mais projectos de co-produção, de ficção, designadamente
com Angola. Diz Nuno Santos que o «Operador Público tem capacidade de produção
instalada», através da RTP-Meios, onde está em fase de rodagem uma co-produção
com a Televisão Pública de Angola, «O Testamento», com guião de Carlos Vale
Ferraz, havendo um outro original, este de Manuel Rui Monteiro, em fase de
pré-produção Nessa mesma fase está a versão portuguesa da série espanhola
«Cuenta me como pasó», em gravação a partir de Janeiro. E a RTP, segundo Nuno
Santos, apesar das dificuldades não desiste de colocar-se, «com a sua exacta
dimensão mas com mais ambição e risco, num circuito europeu de co-produções».
Concorrência e preços
A criação pela SIC / TGP
da sua própria «fábrica de sonhos» determinou uma subida geral da parada dos
preços. «A concorrência inflacionou os preços de custo, não os de venda», diz
António Parente. «Sim, a SIC inflacionou o mercado, nomeadamente em relação ao
que as pessoas ganham», admite Francisco Penim, acrescentando que «do outro
lado, toda a gente passou a ter contratos». António Parente reconhece que «a
SIC veio aqui buscar pessoas, autores, actores e técnicos. A nossa resposta foi
uma formação mais intensiva, a procura de técnicos de fora, nomeadamente da
Argentina, ajustamentos de salários e contratos de exclusividade que asseguram
aos actores uma vida estabilizada».
Se os preços de custo de
uma telenovela são uma das armas do negócio, os preços de compra pelas estações
de televisão constituem outro tabu. «Obviamente que não respondo» é a resposta
comum de produtores e programadores quando se pergunta por montantes envolvidos
no negócio das novelas. Mas, segundo produtores independentes, o preço de venda
de cada unidade de uma telenovela de ‘prime-time’ de 150 episódios andará pelos
25 a 30
mil euros, o que elevará o preço total da novela acima dos quatro milhões de
euros. «Não confirmo», outra resposta comum. Esticando o número de episódios os
programadores podem baixar proporcionalmente o preço de custo de cada unidade.
Muito mais caro às estações ficará um programa de entretenimento ou uma série
de ficção. Para uma série de 26 episódios, o preço unitário andará entre os 75
e os 100 mil euros.
Estes eram preços de
referência antes da inflação. Fontes não oficiais ligadas à SIC e à TGP, sem
confirmação das empresas, dizem que a estação estará a pagar à produtora o
preço já pouco razoável de 35 mil euros por episódio de telenovela em
‘prime-time’. Mesmo fora da «corrida aos armamentos», a RTP entende que todos
foram atingidos pela inflação dos preços, «até os accionistas da SIC», diz Nuno
Santos, acrescentando que «isto não é exactamente uma crítica», pois «o ‘challenge’
que se quer atingir não tem outro caminho». Seja como for, estes são preços bem
mais elevados dos que a SIC tem pago à Globo pelas novelas brasileiras: 15 mil
euros por episódio, verba também não confirmada pela estação.
Do lado das receitas, e
para além da publicidade, o ‘merchandising’ ligado às novelas está a engordar
os proveitos dos detentores dos respectivos direitos. «É um dos negócios
alternativos da SIC, com muito sucesso comercial», diz Francisco Penim. O disco
da «Floribella» já vendeu 182 mil cópias – nove discos de platina – a que
acresce o negócio das roupas, de produtos para a escola, géneros alimentícios e
jogos. Quantos aos «Morangos», os D’Zert chegaram aos sete discos de platina e
o FF já vão em três.
A «monocultura» da novela
O mundo dos sonhos das
telenovelas que envolve os telespectadores parece ter contagiado os
protagonistas do espectáculo. Os estúdios fervilham de vida e de trabalho e
ninguém se queixa por ter passado a viver à frente ou atrás dos bastidores e
das câmaras, horas a fio, no vertiginoso processo de produção de telenovelas. O
mercado abriu-se para autores, técnicos e actores que vivem a vida real
mergulhados entre cenários de ficção, em quintas dos arredores de Lisboa, nos
casos da NBP e TGP. Nunca se produziu tanta ficção para televisão em Portugal. Nos cinco
anos entre 2001 e 2006 já se produziram mais telenovelas e séries que desde a
primeira novela, em 1982, até ao final do ano 2000.
O reverso desta situação
de prosperidade é o que se vive em mais de duas dezenas de produtoras, sem
dimensão industrial, cuja facturação tem vindo a cair na razão directa do
desvio dos investimentos das estações de televisão para o filão das telenovelas.
Frederico Ferreira de Almeida, presidente da Associação de Produtores Independentes
de Televisão, diz que a facturação das suas 22 associadas «caiu dos 15 para os
7,5 milhões, 50 por cento nos últimos 3 a 4 anos». Para o presidente da APIT «está a
criar-se uma indústria audiovisual centrada nas estações de televisão, o que
não deixa margem para o mercado independente, e na produção de novelas, o que
impede a diversificação». A produção independente, numa percentagem de 10 por
cento, está consagrada na Lei da Televisão, na licença dos operadores e em
directivas europeias, mas para Ferreira de Almeida não pode considerar-se
«independente» a produção da TVI/NBP ou agora a da SIC/TGP.
«O que está a passar-se é
a monocultura da telenovela», diz Ferreira de Almeida, fazendo votos para que
«o regulador acabe por intervir», antes que «o público se canse e que a
televisão perca ainda mais audiência devido à falta de diversidade».
Francisco Penim admite
que está a correr-se o risco da «monocultura» das novelas, mas acrescenta que «isso
é circunstancial». O director da SIC considera que face à superior experiência
da concorrência é «estrategicamente mais conveniente» investir na produção
própria. «Daí que estejamos a pôr dinheiro na fábrica das telenovelas». Já pela
RTP, Nuno Santos responde, «sem hesitações», que o Operador Público «vai manter
uma programação diversificada», procurando «no mercado dos produtores
independentes os parceiros mais indicados para os diferentes projectos».
Receitas
para uma novela
Pega-se numa ideia e
discute-se com o cliente. Elabora-se a sinopse, fazem-se pesquisas, escreve-se
o guião e elabora-se o ‘casting’, constroem-se os cenários, executam-se os
figurinos, põe-se a máquina a funcionar. Parece fácil. É assim que se trabalha
na NBP. Ali perto, não fica muito longe o processo de produção na TGP. A
pré-produção ocupa dois meses a dois meses e meio. Segue-se a adaptação do
guião, o ‘casting’, cenografia e figurinos. Só falta fazer e depois ainda há a
pós-produção, áudio e vídeo. Na NBP o toque final é dado pelo controlo de
imagem, que garante a uniformidade de cada produto.
A base de tudo é uma boa
história. Rui Vilhena, coordenador da equipa de seis guionistas da Script
Makers, autores de «Tempo de Viver», diz que «a espinha dorsal deve ser o
interesse do público, a identificação do público com o enredo». Depois,
«acrescenta-se amor, romance, suspense, personagens bem definidas». A escrita
dos guiões, na Sript Makers, «vai apenas um pouco mais à frente que o público»
e admite «misturar a ficção com factos reais, para aproximar mais o público da
história». E foi assim que «Tempo de Viver» começou com o derrube das Torres
Gémeas de Nova Iorque, depois incluiu imagens do Tsunami e, mais recentemente,
envolveu a princesa Diana no argumento. «E também posso fazer que uma
personagem desapareça. A escrita está em aberto e a reacção do público é que
comanda», acrescenta o autor.
Uma receita descoberta
pela NBP/TVI, e depois seguida pela concorrência, foi a de associar uma canção
de êxito ao título e ao genérico de uma telenovela. Começou com a canção
«Jardins Proibidos», gravada por Paulo Gonzo, depois aproveitada pela novela
que adoptou esse título. Pedro Malaquias, ex-jornalista da TSF e autor da letra
de «Jardins Proibidos», já perdeu a conta ao número de canções que escreveu
para Paulo Gonzo, Susana Félix ou para os Rádio Macau cujos direitos foram
depois adquiridos para genéricos ou bandas sonoras de novelas. Foi assim, entre
outras e para além de «Jardins Proibidos», com «Dei-te quase tudo» e «Sei-te de
cor», «Queridas Feras» e «Tempo de Viver». O mesmo se passou com a mais recente
produção da SIC/TGP, que esteve para se chamar «Desejo» mas veio a adoptar o
título de uma canção de Rui Veloso, «Jura». A vantagem para os autores e
intérpretes é que as novelas recuperam e relançam as canções, depois também
incluídas nos discos das respectivas bandas sonoras.
E à volta das telenovelas
gravita um outro mundo, o das revistas e jornais que resumem e antecipam os
enredos e exploram a vida dos intérpretes que, segundo Pedro Tadeu, director do
24 Horas, «ultrapassaram o estatuto de actores e actrizes dada a exposição pelo
facto de estarem nas novelas».
Tadeu diz que o 24 Horas,
nas notícias, «tenta distinguir as personagens dos intérpretes». Mas a verdade
é quando morreu o actor Francisco Adam a notícia que o jornal deu foi a da
«morte do Dino». Ora, o «Dino» nem sequer morreu: subiu aos céus num balão. «No
texto explicávamos a diferença mas, no título, Dino identificava melhor de quem
se tratava», diz o director do 24 Horas. E dá um exemplo de sinal contrário:
«quando Alexandra Lencastre se separou do namorado, isso foi muito mais
importante do que o que estava a acontecer com a Luísa, a personagem que ela
interpretava em “Ninguém como tu”».
E a leitura de Pedro Tadeu do
fenómeo das telenovelas portuguesas acaba por coincidir com a que fazem
produtores, programadores e autores: «as novelas portuguesas conseguiram bater
as brasileiras porque estão mais perto da realidade e mais próximas das
pessoas. E esse fenómeno de identificação dá às pessoas alguma coisa que elas
procuram: um pouco de fantasia, de sonho».
A indústria das
telenovelas criou um mercado estável para a vida profissional de muitos actores
e descobriu muitos novos intérpretes. As «estrelas» são disputadas a peso de
ouro, actores de segundo plano têm garantias de trabalho a médio ou longo prazo,
embora com ‘cachets’ que não se comparam aos das vedetas, e para muitos jovens
o simples facto de aparecerem na televisão é já um ganho suficiente e uma porta
aberta para outras oportunidades, sejam elas a publicidade ou outras novelas. Mas
não é fácil a vida de uma vedeta das telenovelas e Alexandra Lencastre, protagonista
da telenovela líder das audiências, reconhece que não tem tempo de viver.
«Vivo a vida da Fátima [papel
da actriz na novela «Tempo de Viver»] e das personagens que a rodeiam», diz
Alexandra Lencastre, reconhecendo que lhe falta tempo para si e para as duas
filhas. «Mas, ao longo destes anos, fui aprendendo que penalizar-me não
melhorava nada a minha vida pessoal nem os meus afectos». E é assim que
Alexandra Lencastre vai vivendo este tempo, «mágico, único, invejável», um
tempo de ficção em que «podemos repetir a cena, se alguma coisa corre mal, o
que não podemos fazer na vida real».
Com uma imagem exposta na
televisão e uma vida devassada pelas revistas cor-de-rosa, Alexandra Lencastre
é frequentemente confundida, pelo público e na imprensa, com as personagens que
interpreta e admite que «pode acontecer» a personagem dominar a intérprete.
«Mas é um domínio relativamente controlado. Tenho uma espécie de grilo da
consciência que me avisa se estou a apanhar alguns tiques, para que a minha
vida não seja subjugada pela “outra” e não me contagie com outras relações».
Mergulhada a tempo
inteiro no mundo de fantasia das telenovelas, Alexandra Lencastre continua a
sonhar: «Tenho saudades do cinema, quero voltar a fazer teatro». A questão,
como diz, é que lhe falta tempo de viver.
Por João Paulo Guerra, Diário Económico, 29 de Setembro de 2006
Sem comentários:
Enviar um comentário