Amor
em tempos de guerra
Mais do que uma intriga
política, a estreia na ficção do jornalista João Paulo Guerra é uma história de
amor. De um filho por um pai e de um homem por uma mulher. O filho e o homem são
um e a mesma pessoa: Pedro Costa, segundo-tenente da Marinha, personagem principal
de um romance baseado em factos verídicos que o autor mistura sabiamente com
personagens ficcionadas. “Romance de uma conspiração” é também a história de um
homem solidário, marcado pela tragédia de, ainda criança, ter assistido ao assassínio
do pai num longínquo 1º de Maio de 1964. Da sua vida faz parte a investigação sobre
a teia conspirativa internacional, que envolvia o governo português e governos
estrangeiros, no «recrutamento e treino de mercenários para operações de
sabotagem, atentados e guerra de guerrilhas».
E faz parte a açoriana
Telma, «o amor da sua vida», de quem se viu obrigado a afastar-se. Mas também a
redenção, que chegou em 1990, num palacete decrépito de La Valetta, em Malta, onde
finalmente ficou frente a frente com o responsável pelo assassínio do pai. A
reconciliação consigo e com as suas memórias permitiu-lhe, finalmente, voltar
para quem um dia lhe disse: «Nunca mais irás sentir-te só (…) Mas esse é o meu
final.
Ana
Paula Gouveia, Os Meus Livros, Outubro 2010
Ficção documentada
Este belíssimo volume,
agora editado, devolve-nos o prosador admirável e atento vigilante da causa
política e social. Trata, o livro, de uma sinistra ocorrência, de que o autor
foi testemunha involuntária, no Portugal, mais propriamente na Lisboa da década
de sessenta. E a recuperação desse tempo infausto, a que ele procede, com
minúcia e inteligência crítica, lembra as sequências de um filme policial, ao
mesmo tempo que nos concita a reflectir. “Romance de uma conspiração” serve-se
de todos os materiais comuns a quem deseja assinalar um tempo e as suas
misérias. Documento-ficção, ou ficção documentada, pelas suas páginas desfilam
cenas, casos, acontecimentos e pessoas que também nos pertencem. “Romance de
uma conspiração” não tem nada a ver com as aldrabices “literárias” que por aí
circulam.
Dilecto: leia este texto e
surpreenda-se com a estreia na literatura de um nome maior da nossa cultura
jornalística.
Baptista-Bastos,
Jornal de Negócios, 24 Setembro 2010
Já tenho o livro, que li
de um fôlego. Apaixonante e notável livro em que a História e a Ficção se entrelaçam
com um sabor muito especial.
Um cordial abraço
L.C.C.
(Um pequeno apontamento, entretanto:
não foi o Director Silva Pais quem tomou a iniciativa de retirar os retratos, mas creio que fui eu ao perguntar-lhe, na sequência dos protestos de adesão ao golpe de estado, porque estavam então tais fotos ainda na parede ...)
não foi o Director Silva Pais quem tomou a iniciativa de retirar os retratos, mas creio que fui eu ao perguntar-lhe, na sequência dos protestos de adesão ao golpe de estado, porque estavam então tais fotos ainda na parede ...)
O livro está bem "travejado" e o personagem central, quem sabe, até pode aventurar-se noutras histórias, pois tem "espessura". J.G.M.
Romance de uma Conspiração é mais do que um grande romance - é uma viagem pela História, pelas suas sombras, os seus enigmas. De onde se sai em deleite pelo que se leu, em choque pelo que se revela na ficção da realidade.
António Simões, A Bola, 21-09-2010
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